domingo, 7 de agosto de 2022

Audiência de custódia não se limita a prisão em flagrante

 

Decisão do Ministro André Mendonça do Supremo Tribunal Federal afirmou entendimento que a audiência de custódia é um direito que não se restringe a prisões em flagrante. Nos termos da Lei Federal n. 13.964, o procedimento de audiência de custódia deve ser realizado em 24 horas em qualquer modalidade de prisão. 

No caso em tela, a pessoa encontrava-se presa preventivamente desde fevereiro, sem audiência de custódia. O Juiz de primeira instância entendeu que o procedimento só era indicado para casos de prisão em flagrante. O Ministro André Mendonça ordenou a realização imediata do procedimento.

Para saber mais, clique na figura.

Foto e reportagem: Consultor Jurídico.



segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Violência política


Duas notas da sociedade civil foram firmadas na semana passada, agregando assinaturas de representantes de mais de 110 entidades. Ambas manifestam preocupações com a escalada de violência política no Brasil e com os riscos para a democracia. A primeira nota foi iniciativa da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia e dos Direitos Humanos e. a segunda, do Pacto pela Democracia. A ampliação da circulação de armas de fogo no país foi outro aspecto abordado nas iniciativas. 

Para saber mais, clique na imagem.

 

Imagem e reportagem: Conectas Direitos Humanos.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Regime semiaberto para reincidente


O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento jurisprudencial importante sobre o regime inicial, permitindo a fixação do semiaberto para réu reincidente. No agravo regimental no habeas corpus n. 746.805, julgado em 28.06.2022, a Ministra Laurita Vaz asseverou que a literalidade do art. 33, parágrafos 2o e 3o do Código Penal autorizam tal entendimento. No caso em tela, o réu era reincidente e tinha sido condenado à pena de oito meses e cinco dias de detenção. Clique na imagem para saber mais sobre o caso.

Relatora Ministra Laurita Vaz. Imagem do Canal Ciências Criminais.



sexta-feira, 22 de julho de 2022

As multas na condenação judicial


Pouca gente sabe sobre a dimensão do problema da multa no sistema penitenciário. O Código Penal prevê a aplicação de multa junto com condenações, mas o legislador e boa parte dos operadores do sistema judiciário não atentou para a pobreza entre a população de pessoas presas e egressos do sistema. Apenas 1% dos condenados consegue pagar essas penas em São Paulo. Reportagem da R7 mostra como a situação se agravou durante a grave crise socioeconômica pela qual o país atravessa devido à pandemia e ao fracasso das políticas adotadas pelo governo federal. Conforme as palavras da Presidenta da Comissão Marina Dias:

É uma população composta majoritariamente de jovens negros, que tem em sua história uma vida de ausências do Estado, em que o Estado se fez presente para prender e punir. Muitos nem sequer estão inseridos no mercado de trabalho, nem sequer completaram o ensino médio.

Para ver mais, acesse a reportagem  clicando aqui

Imagem Edu Garcia/ R7.



domingo, 17 de julho de 2022

Mais livros, menos armas!

 

No Ato Inter Religioso em Defesa dos povos Indígenas realizado ontem na Catedral da Sé, em São Paulo, foi realizada homenagem em memória do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira. O evento contou com apoio institucional da OAB/SP, da Comissão Arns, da Frente Interreligiosa Dom Paulo Evaristo Arns, da Comissão de Justiça e Paz e do Instituto Vladimir Herzog.

Algumas passagens merecem atenção tendo em vista o escopo da Comissão.

O Pastor Pentecostal Eliel Batista, evocando a parábola bíblica da ovelha desgarrada, enfatizou a necessidade imperiosa desse movimento da sociedade civil trazer sempre junto consigo os inocentes e os mais oprimidos. Continuou, de forma inspirada: 

Nos últimos anos, nosso país tem se tornado líder nos índices de violência. Por isso, Cristãos desse país, como imitadores de Jesus de Nazaré, precisamos trabalhar para resgatar a nossa terra dessa maldição. Que jamais sejam tirados do meio de nós os inocentes, os protetores da vida. Que sejam tirados de nosso meio todos os que promovem a morte e dizem: 'E daí?'; demonstrando indiferença aos que morrem. Que esse ato seja um clamor por justiça do sangue derramado. Que imponhamos limites para barrarmos a violência e jamais admitamos a violência institucionalizada. A religião é feita de símbolos. Então, que principalmente Cristãos, Evangélicos e Pentecostais desse país demonstrem a sua aversão à violência, começando simbolicamente: não usando as mãos pra fazer símbolo de armas, mas usando-as para acolher os que sofrem, para libertar os oprimidos e depois hajam com atos concretos de justiça.

O indígena Máximo Wassu destacou a importância dos indígenas e lamentou a perseguição e opressão de seu povo e de todos os guerreiros, como Bruno e Dom, que dedicam a vida pela defesa e valorização da cultura indígena.

A Ialorixá Omi Lade resgatou aspectos das tradições dos povos tradicionais de matrizes africanas que guardam similaridade com as tradições dos povos indígenas como a preservação e valorização da terra. Lembrou também da perseguição e opressão histórica aos dois povos, ambos a necessitar de "paz, justiça e reconhecimento".

 

Na fala do Bispo da Diocese de Mogi das Cruzes Dom Pedro Luiz Stringhini, representante da Igreja Católica no evento, merece destaque o momento em que asseverou que a segurança se constrói muito mais com educação de qualidade, com livros, do que com armas. Clique na imagem para acompanhar esse discurso.

Para ver mais, clique na imagem e acesse o link da reportagem de "O arcanjo no ar".

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Reconhecimento fotográfico é insuficiente para condenação

 

Boa reportagem do Jornal da Record, com participação da Presidenta da Comissão Marina Dias, mostra o drama de uma família e de um inocente condenado injustamente em razão de um recurso muito utilizado pela polícia e o Judiciário: considerar o reconhecimento fotográfico, em investigação abreviada, sem suporte probatório adequado, como suficiente para uma condenação penal. 

Em 2021, o Superior Tribunal de Justiça consagrou jurisprudência que anula condenação baseada apenas no reconhecimento fotográfico, mas parte significativa do Judiciário insiste em desobedecer tal entendimento. São muitos casos similares em todo país merecendo revisão!




segunda-feira, 11 de julho de 2022

O ódio na extrema direita


A sociedade brasileira está consternada com o crime de ódio que vitimou o guarda municipal Marcelo Arruda em sua festa de aniversário de 50 anos, no Paraná. O agente de segurança pública comemorava com família e amigos em festa temática homenageando o candidato Luis Inácio Lula da Silva, quando o policial penal federal apoiador de Jair Bolsonaro Jorge Garanho invadiu o recinto, sem ter sido convidado, com arma de fogo em punho, gritando "aqui é Bolsonaro", ameaçando a todos os presentes, e assassinou o aniversariante. 

O extremista atendeu literalmente à pregação de Jair Bolsonaro, quando este conclamou seus apoiadores, em comício no Acre, a exterminarem os adversários políticos simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (com a frase: "vamos fuzilar toda a Petralhada"). Além do ódio, como bem pontuou Luiz Eduardo Soares, houve "autorização", seja nas palavras do líder, seja no comportamento e na cumplicidade de um coletivo fanatizado ao seu redor.

Autoridades, da direita à esquerda no espectro político ideológico, manifestaram repúdio ao ataque. O ambiente de ódio promovido pelo Presidente da República e o núcleo de apoiadores de extrema direita é alarmante. A democracia e o estado de direito correm risco quando o adversário é demonizado e tratado como inimigo e a disputa é interpretada de forma maniqueísta e violenta.

Marcelo Arruda deixou a esposa e quatro filhos, um deles ainda bebê.

Marcelo Arruda e filhos, minutos antes da invasão. Imagem do JC Online.



terça-feira, 5 de julho de 2022

Junho de finalização e abertura

 

O mês de junho foi marcado como um mês de finalização e abertura para o Núcleo de Saúde Mental e Justiça da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB/SP. 

Um mês de finalização porque tivemos o encerramento do nosso Seminário Formativo: "Saúde mental na interface com a justiça criminal: perspectivas antimanicomiais por um cuidado em liberdade", mas também de abertura pois foi um semestre de construir a base de trabalho do nosso Núcleo e principalmente o nosso horizonte ético-político de ações, na luta antimanicomial e antiprisional, acima de tudo, anticapitalista. 

Foi meio que "botar a cara do Núcleo no Sol" pra fortalecer não apenas nossa existência mas as próximas ações, parcerias e construções ao longo dessa gestão. E novamente, sou imensamente grata por coordenar esse Núcleo ao lado de pessoas tão envolvidas e com uma representação de potência. 

Nossos Seminários Formativos tiveram quatro temas principais, perpassando as principais discussões sobre crime e loucura numa perspectiva crítica: 

i. falamos sobre o sujeito em sofrimento psíquico e em conflito com a lei no primeiro encontro, comigo, Thais Lasevicius e Mário Moro;

ii. o segundo encontro abordou as medidas de segurança e os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico com Léo Biagioni e Fábio Mallart;

iii. no terceiro tivemos Haroldo Caetano e Romina Magalhães para falar sobre as experiências exitosas do PAILI e do PAIPJ;

iv. e por fim, nosso último encontro de junho sobre as políticas antimanicomiais e a conjuntura da saúde mental com Patricia Magno e Janete Valois. 

Sou - somos! - imensamente gratos por tantas parcerias de uma potência sem tamanho. Que continuemos a ser resistência, a fazer a crítica da crítica e lutar por uma sociedade sem manicômios e sem prisões. Avante, Núcleo de Saúde Mental e Justiça,



Thais Lacevicius - Coordenadora do Núcleo Saúde Mental e Justiça do CPCP OAB-SP.



---

Obs.: Todos os encontros podem ser assistidos no canal do YouTube da OAB Cultural.


segunda-feira, 4 de julho de 2022

Excludente preocupante

 

A Comissão acompanha com preocupação a movimentação no Legislativo que visa estimular a violência institucional e a impunidade de agentes de segurança pública por abusos cometidos no arrepio da lei e dos direitos humanos. Nessa linha, foi aprovado no dia 28.06.2022 projeto de lei na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na Câmara dos Deputados que visa ampliar excludentes de ilicitudes. 

A Legislação Penal brasileira já comporta uma série de excludentes, inclusive por legítima defesa, suficiente para amparar o trabalho de bons policiais. O Brasil conta com índices preocupantes de violência policial contra civis e iniciativas dessa monta apenas tendem a agravar o problema.

Clique na imagem para acessar a reportagem.

Imagem da reportagem da CNN Brasil.


terça-feira, 28 de junho de 2022

Não aguentamos nem mais um pouquinho

 

CASOS RECENTES DEMONSTRAM VULNERABILIDADE DAS MULHERES À VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL PRATICADA POR AGENTES DO SISTEMA DE SAÚDE E DE JUSTIÇA.



Janaína Matida

Professora de Direito da Universidad Alberto Hurtado e consultora do projeto Prova sob Suspeita, do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD)

Marina Dias

Diretora executiva do IDDD e presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB/SP

Priscila Pamela

Advogada criminal e diretora do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD)

Nos últimos dias, vieram a público dois casos que escancaram o cotidiano de violências experimentadas por mulheres, adolescentes e crianças vítimas de estupro em decorrência de más condutas de agentes públicos, especialmente do sistema de saúde e justiça, que ignoraram seus direitos.

No domingo retrasado (19), o The Intercept Brasil veiculou o caso da menina de 11 anos impedida por uma juíza de fazer um aborto legal. A reportagem traz áudios que revelam a ação conjunta da magistrada e da promotora tentando induzir a criança a dar à luz e, em seguida, entregar o bebê para adoção. Já no sábado passado (25), a atriz Klara Castanho, 21, viu-se obrigada a assumir em suas redes sociais que, diante de um estupro sofrido, levou a gravidez ao fim e deu a criança para adoção.

Não há comportamento correto quando somos mulheres. No início da semana, exigiu-se da menina levar gravidez até o fim e entregar para adoção; no fim da mesma semana a exigência foi oposta. Afinal, a atriz teve o bebê! O julgamento rotineiro é implacável, assim como é patente a falta de formação de agentes públicos para acolher mulheres vítimas de violência sexual, de forma a evitar processos traumáticos de revitimização.

(...)

Para continuar a leitura, acesse o link



Folha de S. Paulo, 27.06.2022.