A sociedade brasileira está consternada com o crime de ódio que vitimou o guarda municipal Marcelo Arruda em sua festa de aniversário de 50 anos, no Paraná. Segundo consta na narrativa amplamente difundidas pela imprensa, o agente de segurança pública comemorava com família e amigos em festa temática homenageando o candidato Luis Inácio Lula da Silva, quando o policial penal federal - apoiador do candidato opositor Jair Bolsonaro - Jorge Garanho, invadiu o recinto, sem ter sido convidado. Com arma de fogo em punho, gritando "aqui é Bolsonaro", ameaçou a todos os presentes, e desferiu vários disparos contra o aniversariante, matando-o.
Pode-se inferir que o extremista atendeu literalmente à pregação de Jair Bolsonaro, quando este conclamou seus apoiadores, em comício no Acre, a exterminarem os adversários políticos simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (com a frase: "vamos fuzilar toda a Petralhada"). Além do ódio, como pontuou o sociólogo Luiz Eduardo Soares, houve a "autorização" nas palavras do líder e no comportamento e na cumplicidade do coletivo fanatizado ao seu redor.
O ambiente de ódio promovido pelo Presidente da República e o núcleo de apoiadores de extrema direita é alarmante. A democracia e o estado de direito correm risco quando o adversário é demonizado e tratado como inimigo e a disputa é interpretada de forma maniqueísta e violenta e as regras do jogo e os mecanismos institucionais basilares da democracia são colocados em cheque pelos protagonistas no poder.
Autoridades, da direita à esquerda no espectro político ideológico, manifestaram repúdio ao ataque. Marcelo Arruda deixou a esposa e quatro filhos, um deles ainda bebê.
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Marcelo Arruda e filhos, minutos antes da invasão. Imagem do JC Online. |