sexta-feira, 27 de maio de 2022

Maio vermelho


No último dia 13 de maio, a OAB/SP, por meio da Comissão Especial de Politica Criminal e Penitenciária e da Comissão Permanente de Igualdade Racial, com apoio da Abracrim, realizou o 1º Seminário de Execução Penal.


O tema abordado foi “Diálogos Sobre Execução Penal: Do Superencarceramento às Garantias Fundamentais”. Estiveram presentes grandes nomes que abordam a temática, proporcionando ótimas reflexões, inquietações e aprendizado. 


A data - aniversário da Lei Áurea - foi escolhida para denunciar o racismo estrutural no qual se sustenta uma politica criminal de encarceramento em massa, com uma subrrepresentação da juventude negra. O ambiente prisional é, afinal, o retrato mais perverso de uma abolição inconclusa da escravatura.


Além disso, o mês de maio tem sido marcado pela violência dos órgãos e instituições repressivas e não repressivas, que vêm se utilizando de seu poder social e político para decretar como as pessoas devem morrer. Tais ações revelam um desejo de morte: morte do povo pobre preto e periférico, naturalizando a morte dos “indesejáveis”.


A criminologia chama tal ação de necropolitica. Segundo Mbembe, “a necropolítica não se dá só por uma instrumentalização da vida, mas também pela destruição dos corpos. Não é só deixar morrer, é fazer morrer também”. Como exemplo dessa destruição de corpos temos alguns eventos que lamentavelmente não podemos ignorar:


- maio/2006 - Crimes de maio - 505 pessoas assassinadas;

- 6/05/2021 - Chacina no Jacarezinho (RJ) - 28 pessoas assassinadas;

- 18/05/2019 - João Pedro, de 14 anos, morto dentro de casa;

- 12/05/2022 - pessoa em situação de rua é assassinada em operação na Cracolândia (SP);

- 24/05/2022 - Chacina na Penha (RJ) - 25 pessoas assassinadas;

- 25/05/2022 - Genivaldo de Jesus Santos - Morto em uma Câmara de Gás improvisada pela PRF.


Enfim, massacres que acontecem no cotidiano das periferias, resultado de uma política genocida.


No mais, não podemos deixar de mencionar o problema de uma execução penal que suprime direitos fundamentais das pessoas que vivem no sistema penitenciário, não existindo uma política de fiscalização efetiva contra os abusos praticados pelos entes que deveriam garantir direitos básicos aos cidadãos.




Thiago de Souza - advogado integrante do Núcleo de Eventos da Comissão. 


quarta-feira, 25 de maio de 2022

Pelo direito de voto

 

A OAB/SP firmou no último dia 24.05.2022, acordo de cooperação técnica com o Tribuna Regional Eleitoral de São Paulo visando a criação de seções eleitorais em unidades de internação de adolescentes e em estabelecimentos penitenciários. A parceria visa garantir os direitos políticos para acusados privados de liberdade.

Clique na imagem para acessar a reportagem.

 A Presidenta da OAB/SP Patrícia Vanzolini e o Presidente do TRE-SP Paulo Sérgio B. C Galizia.  Fonte: Jornal da Advocacia - OAB/SP.


domingo, 22 de maio de 2022

Em defesa da saída temporária

 

A Rede de Justiça Criminal e outras 59 entidades posicionaram-se publicamente contra o Projeto de Lei n. 360/2021, que tramita na Câmara dos Deputados com requerimento de urgência e tenta eliminar o direito de saída temporária. Foi editada uma nota conjunta considerando a saída temporária uma medida eficaz, sendo devidamente cumprida pela maioria esmagadora dos beneficiados e atacando a justificativa dos simpatizantes do projeto. Segue pequeno trecho do documento: 

"A saída temporária é um mecanismo eficaz de manutenção de vínculos familiares e acesso ao estudo e a profissionalização de pessoas presas. Trata-se de direito assegurado pela Lei de Execução Penal e concedido mediante o atendimento de requisitos objetivos e subjetivos. No Brasil, a taxa de retorno às unidades prisionais após o período de saída é altíssima, chegando aos 95%".

Clique na figura para acessar a nota na íntegra.



quinta-feira, 19 de maio de 2022

A Luta Antimanicomial

 

Ontem, dia 18 de Maio, foi celebrado o dia da Luta Antimanicomial.

A luta antimanicomial brasileira é fruto de diversas experiências e lutas revolucionárias de movimentos sociais, familiares, usuários e trabalhadores em saúde mental visando o cuidado em liberdade e pelo fim da lógica punitiva e de exclusão imposta com o manicômio.

A data, 18 de maio, é uma referência a I Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em 1987, marcando o processo histórico da luta por direitos dos usuários de saúde mental. A Reforma Psiquiátrica e o movimento da luta antimanicomial, oriundos de mais de 30 anos de luta sociais ecoam junto ao lema: “Por uma sociedade sem manicômios”, nos fazendo repensar e principalmente lutar por uma ordem social que repudia a segregação e é pautada na democracia.

O Núcleo de Saúde Mental e Justiça da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB/SP marcou presença em ato na Avenida Paulista com sua Coordenadora Thais Lasevicius e as integrantes Carolina Rodrigues, Leila Speeden e Daniele Postoiev.


Thais Lasevicius






terça-feira, 17 de maio de 2022

Coalizão Negra Por Direitos reivindica justiça ao STF


A Coalizão Negra por Direitos e entidades de familiares de vítimas da violência do Estado e políticos de diferentes legendas partidárias protocolaram uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no dia 12.05.2022 no Supremo Tribunal Federal, em Brasília. O documento redigido em mais de 60 páginas sistematiza denúncias de violências contra a população negra e dados estatísticos socioeconômicos evidenciando as condições de vida desiguais e injustas.

O ato foi na véspera do dia 13 de maio, data chamada na petição de "Dia da Abolição Inconclusa", em referência à falta de ações de reparação por parte do Estado e dos ex-proprietários dos escravos quando do ato de proclamação da abolição da escravidão, diferentemente do ocorrido em outros países. Os negros libertos no Brasil restaram condenados a uma situação de extrema precariedade socioeconômica e imensa desvantagem e dificuldade para sobreviver. 

Segundo artigo de Sheila de Carvalho e Douglas Belchior na Folha de São Paulo ("Nossa luta não pode mais esperar") a ação é fundada "em três pilares: reconhecimento, justiça e reparação. É fundamental que o Estado reconheça que há no Brasil uma política de morte direcionada os corpos negros e que se alicerça no racismo estrutural e institucional. É necessário criar políticas capazes de sustar a violência".

Saiba mais sobre a ação e acesse a minuta clicando na imagem abaixo.

Imagem de ato em frente ao STF. Fonte: Ponte Jornalismo.


sábado, 14 de maio de 2022

Polícia do RJ destrói homenagem a mortos em chacina

 

A Polícia do Rio de Janeiro destruiu placa construída com o nome das 28 vítimas da operação mais letal da história daquele estado da federação, o evento conhecido como a Chacina do Jacarezinho. Morreram na chacina 27 moradores da comunidade e um policial. Além dos nomes dos mortos, o monumento anunciava a homenagem "às vítimas da política genocida e racista dos estado do Rio de Janeiro". 

A alegação das autoridades é que o memorial supostamente faria "apologia ao tráfico de drogas" e que não teria autorização da prefeitura. Questiona-se a legitimidade do governo em querer destruir a memória da comunidade sobre graves violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado e mesmo em impedir que se preste homenagens a seus entes mortos.

Clique na imagem para ler a reportagem.

Imagem de agentes da polícia do RJ destruindo o monumento. Fonte: Nexo Jornal.


terça-feira, 10 de maio de 2022

Evento em destaque: Diálogos sobre Execução Penal

 

A Comissão de Política Criminal e Penitenciária e a Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP, com o apoio da Associação Brasileira de Advogados Criminais - ABRACRIM - promovem nessa sexta-feira, dia 13.05.2022, a partir das 9h, o evento "Diálogos sobre Execução Penal: do Superencarceramento às garantias fundamentais". São vários convidados de renome na academia e na prática da advocacia debatendo sobre temas importantes atuais da Execução Penal durante todo o dia. Ocorrerá em formato híbrido. Saiba mais e inscreva-se na página da Symplá. Basta clicar na imagem abaixo. 



domingo, 8 de maio de 2022

Reconhecimento fotográfico e absolvição

 

Estudo da Defensoria Pública do Rio de Janeiro mostra como o procedimento de reconhecimento de suspeitos com base em fotografias é propenso a falhas à promoção de graves erros judiciais. A prática é realizada de forma reiterada em muitas agências de segurança pública, apesar de não haver previsão legal. É criticada por instituições e entidades ligadas à defesa de direitos humanos. Constatou-se a reclusão de numerosas pessoas com um conjunto probatório muito frágil, sendo essa modalidade de reconhecimento a principal motivação. Até a declaração de absolvição, a média de tempo de reclusão foi de um ano e dois meses. A maioria dos réus presos com base nessa prática é composta por homens negros. 

Acesse a reportagem da Folha de São Paulo, clicando na imagem.

Tiago Gomes - preso e depois absolvido pois sua foto acabou em um banco de suspeitos. Imagem de Tércio Teixeira, da Folha Press. Fonte: Folha de São Paulo.


terça-feira, 3 de maio de 2022

Novo Informe da Anistia Internacional sobre o período da pandemia

 

Saiu o novo Informe da Anistia Internacional 2021-2022, denunciando violações de direitos humanos em vários países. São várias as constatações relativas à América Latina e especialmente ao Brasil. A condução política do governo federal brasileiro na pandemia contribuiu para o agravamento dos números de mortos e de vítimas da COVID-19. Determinadas populações historicamente discriminadas foram as maiores vítimas de violações de direitos.

Acesse a matéria e o relatório clicando na imagem.

Foto: Sérgio Lima. Relato da página da Anistia Internacional.